segunda-feira, 22 de abril de 2024

A cidade empresa ou cidade capitalista, uma análise sociológica

Quando uma cidade planeja grandes eventos para atrair o capital, ocorrem grandes mudanças. Mas que mudanças são essas? Elas melhoram as condições sociais da cidade?

Os megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos, costumam ser celebrados como momentos de glória e união nacional. No entanto, por trás dessa aparente festa, há uma série de questões sociais, econômicas e territoriais que frequentemente passam despercebidas pela grande mídia.

Carlos Bernardo Vainer, renomado pesquisador em estudos urbanos, lança luz sobre essa problemática ao analisar os megaeventos como parte de um fenômeno maior: a ascensão da "cidade-empresa". Esse conceito, que ganhou força a partir da década de 1990, representa uma visão de cidade moldada pelos interesses empresariais e competitivos.

Durante os megaeventos, essa lógica atinge seu ápice, transformando a cidade em uma "cidade de exceção", onde as regras do jogo são ditadas pelos empresários e os interesses comerciais prevalecem sobre as necessidades da população local. A implementação de legislações específicas e a privatização de espaços públicos exemplificam essa dinâmica, que muitas vezes resulta em remoções forçadas e marginalização de comunidades inteiras.

Um exemplo marcante dessa realidade foi a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, onde milhares de pessoas foram deslocadas para a chamada "Cidade de Lata", longe dos olhos dos turistas, em condições desumanas e sem apoio do Estado.

No contexto brasileiro, as preparações para os megaeventos revelaram problemas similares, com remoções de comunidades inteiras e alterações na legislação para atender aos interesses dos investidores. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, entregou sua área portuária a um consórcio empresarial, evidenciando a submissão do espaço urbano aos ditames do mercado.

Diante dessas análises, torna-se claro que os megaeventos esportivos não são apenas sobre esportes, mas também sobre negócios. Eles deixam marcas profundas e duradouras nas cidades-sede, reconfigurando não apenas a paisagem urbana, mas também o acesso aos espaços públicos e o perfil socioeconômico da população. Portanto, é fundamental questionarmos as narrativas dominantes sobre os megaeventos e considerarmos suas consequências sociais e políticas. Somente assim poderemos construir cidades mais justas e inclusivas, onde os interesses da população prevaleçam sobre os interesses do mercado.

Para ler o texto completo que estamos estudando clique aqui!

FONTE: OLIVEIRA, Luiz Fernandes; COSTA, Ricardo Cesar Rocha. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio de Janeiro: Imperial/Novo Milênio.2016.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

A Importância do Pensamento de Karl Marx na Compreensão da Sociedade

Você já se perguntou como o mundo ao nosso redor funciona e por que existem tantas desigualdades sociais? 

Karl Marx (1818-1883), um filósofo e economista alemão, dedicou sua vida ao estudo da sociedade capitalista e suas injustiças. Em suas análises, Marx não apenas interpretava o mundo, mas buscava transformá-lo.

Marx entendia que a história da humanidade é marcada pelas lutas de classes, onde diferentes grupos sociais disputam poder e recursos. Ele via o trabalho como a essência da existência humana, enfatizando como as relações sociais de produção moldam a sociedade.

Com o aumento da produção de riquezas, surgiram divisões sociais, como a divisão entre proprietários e não proprietários dos meios de produção. Para Marx, as classes sociais antagônicas protagonizam as grandes transformações históricas, especialmente em momentos de crise, culminando em revoluções sociais.


As revoluções Industrial e Francesa, por exemplo, marcaram a ascensão da burguesia ao poder, mas Marx via a necessidade de uma revolução mais radical, liderada pelo proletariado, para criar uma sociedade socialista.

A análise de Marx ressalta a importância da classe social na compreensão das ações individuais e da história. Ele propôs a organização política e consciente dos trabalhadores para transformar a realidade de exploração e construir uma sociedade mais justa, onde a riqueza fosse compartilhada por todos.

Hoje, mais do que nunca, as ideias de Marx continuam relevantes para entendermos e transformarmos a sociedade em que vivemos. A reflexão sobre as desigualdades sociais e a busca por uma ordem mais justa são desafios que nos convidam a refletir sobre o legado e a atualidade do pensamento marxista.

Para ampliar o conhecimento vamos estudar o material a seguir e em sala vamos refletir através de uma atividade:

Fonte: OLIVEIRA, Luiz Fernandes; COSTA, Ricardo Cesar Rocha.  Sociologia para jovens do século XXI : manual do professor. 4. ed. - Rio de Janeiro : Imperial Novo Milênio, 2016. p. 24-25

terça-feira, 16 de abril de 2024

Brasil: da República Oligárquica ao Golpe de 1930 - breve resumo


A República Oligárquica, período que se estendeu aproximadamente de 1889 a 1930, foi marcada por uma estrutura política dominada por poucas famílias poderosas, principalmente ligadas à economia cafeeira. Esse sistema político foi caracterizado pela prática do coronelismo, onde os grandes proprietários de terra, os chamados "coronéis", exerciam controle sobre o poder local e o voto dos eleitores.
O coronelismo se manifestava através de práticas como o "cabresto", onde os eleitores eram coagidos ou manipulados a votar nos candidatos indicados pelos coronéis, em troca de favores ou proteção. Essa troca de favores garantia a perpetuação do poder dessas oligarquias, que dominavam não apenas os aspectos políticos, mas também econômicos e sociais de suas regiões.
Um exemplo histórico marcante desse período foi a Política dos Governadores, onde o governo federal negociava com as lideranças locais a manutenção de seu apoio político em troca de autonomia administrativa. Isso fortalecia ainda mais o controle das oligarquias sobre os estados, reforçando a estrutura do coronelismo.

Neste contexto, a economia cafeeira vivia um período de grande prosperidade, impulsionada pelo aumento da demanda internacional. Isso resultou em um grande fluxo de imigração para o campo, principalmente de italianos e japoneses, enquanto muitos trabalhadores rurais migravam para as cidades em busca de oportunidades.

As oligarquias cafeeiras tinham grande influência sobre o Estado brasileiro, utilizando-o para promover políticas que beneficiassem seus interesses, como a modernização das cidades e a industrialização, visando principalmente a expansão da produção cafeeira e a exportação.
Neste período, surgiram movimentos sociais importantes, como o movimento operário, que lutava por melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas. A questão dos negros e indígenas também era relevante, com políticas discriminatórias e a criação de instituições como a SPI (Serviço de Proteção ao Índio), liderada pelo Marechal Rondon, que visava assimilar os indígenas à sociedade nacional.

O movimento feminista também ganhava força, buscando igualdade de direitos e participação política para as mulheres. No entanto, o período foi marcado por diversas revoltas e conflitos, tanto no campo quanto nas cidades.

No meio rural, destacam-se o cangaço e os movimentos messiânicos, como a Guerra de Canudos e a Guerra do Contestado, que representaram resistências às condições de exploração e opressão.
Nas cidades, ocorreram revoltas como a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata, que refletiam insatisfações populares com as políticas do governo. Além disso, houve o declínio da chamada "República do Café com Leite", aliança política entre São Paulo e Minas Gerais, devido à ascensão do movimento tenentista, que contestava a oligarquia e o poder das elites.


Esses movimentos culminaram no Golpe de 1930, liderado por Getúlio Vargas, que pôs fim à República Oligárquica e inaugurou uma nova era na política brasileira, marcada pelo Estado Novo e por transformações significativas nas estruturas políticas, econômicas e sociais do país.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

A cidade contemporânea como espaço de segregação social

Já parou para analisar como a sua cidade é estruturada? Como funcionam os diferentes bairros e o que você observa ao caminhar pelo centro urbano? Essas reflexões nos conduzem à compreensão da segregação socioespacial, um fenômeno presente nas cidades contemporâneas que demanda nossa atenção.
O centro da cidade é frequentemente o epicentro das atividades políticas e comerciais, enquanto as áreas periféricas tendem a ser principalmente residenciais. Essa configuração urbana teve início durante a Revolução Industrial, quando as fábricas começaram a atrair migrantes rurais em busca de oportunidades de trabalho.
Essa organização urbana resultou em disparidades significativas entre os diferentes bairros. Enquanto os bairros mais privilegiados desfrutam de infraestrutura completa e serviços públicos de alta qualidade, as áreas periféricas enfrentam deficiências em vários aspectos, como infraestrutura precária, falta de serviços básicos e inadequações no transporte público.
O Estado desempenha um papel central na gestão dessas desigualdades, muitas vezes intervindo por meio de forças policiais em áreas marginalizadas, como as favelas. Essas medidas visam controlar territórios considerados ameaças ao capital, perpetuando assim a segregação socioespacial e étnico racial. Desde os tempos coloniais até os dias atuais, a segregação socioespacial persiste, refletindo profundas desigualdades sociais. Mesmo após marcos históricos como a Abolição da Escravatura e a instauração da República, as estruturas de segregação não sofreram mudanças drásticas, com as populações marginalizadas continuando a ser concentradas em áreas periféricas e carentes.
Ao refletirmos sobre a segregação socioespacial, somos confrontados com as profundas desigualdades que permeiam nossas cidades. É fundamental reconhecer e abordar essas disparidades para construir cidades mais justas e inclusivas para todos os seus habitantes. O envolvimento e conscientização da sociedade civil são passos essenciais nesse processo.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

A Evolução das Cidades: Da Sedentarização à Urbanização Global

O termo urbano tem sua origem no latim urbe, que significa cidade, em contraposição ao termo rural. A urbanização surge com a sedentarização do homem, quando ele se fixa em um território e passa a se dedicar também à agricultura. Nas sociedades agrárias, as áreas urbanas abrigavam uma pequena parte da população, ao passo que, nas sociedades industriais, a maioria migrava para regiões urbanas, trazendo mudanças significativas na vida cotidiana. A construção de cidades está associada à emergência da escrita e à organização do trabalho coletivo. Raquel Rolnik destaca a relação entre a escrita, a cidade e a produção agrícola como fatores essenciais para o surgimento das cidades. Com a acumulação de riquezas e conhecimentos, surgem autoridades político-administrativas e hierarquias sociais. O filólogo Vere Gordon Childe define o surgimento das primeiras cidades como a Revolução Neolítica, ocorrendo há cerca de dez mil anos. Embora tradicionalmente associadas à Mesopotâmia, novas pesquisas arqueológicas estão redefinindo datas e regiões do surgimento das primeiras cidades. Participar da cidade significava submeter-se a regras e divisões do trabalho. Na Idade Média, as cidades apresentavam características distintas, como a organização em torno de igrejas e castelos, influenciadas pelo domínio feudal. Com o tempo, o comércio intensificado nas sociedades feudais deu origem a novas cidades ao longo das rotas comerciais, tanto na Europa quanto na Ásia e África.

O que rola na produção do conhecimento e no ensino de Sociologia?

E aí, beleza? Bora trocar uma ideia sobre a Sociologia, essa disciplina massa que não só faz a gente enxergar o mundo com outros olhos, mas ...