Quando uma cidade planeja grandes eventos para atrair o capital, ocorrem grandes mudanças. Mas que mudanças são essas? Elas melhoram as condições sociais da cidade?
Os megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos, costumam ser celebrados como momentos de glória e união nacional. No entanto, por trás dessa aparente festa, há uma série de questões sociais, econômicas e territoriais que frequentemente passam despercebidas pela grande mídia.
Durante os megaeventos, essa lógica atinge seu ápice, transformando a cidade em uma "cidade de exceção", onde as regras do jogo são ditadas pelos empresários e os interesses comerciais prevalecem sobre as necessidades da população local. A implementação de legislações específicas e a privatização de espaços públicos exemplificam essa dinâmica, que muitas vezes resulta em remoções forçadas e marginalização de comunidades inteiras.
Um exemplo marcante dessa realidade foi a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, onde milhares de pessoas foram deslocadas para a chamada "Cidade de Lata", longe dos olhos dos turistas, em condições desumanas e sem apoio do Estado.
No contexto brasileiro, as preparações para os megaeventos revelaram problemas similares, com remoções de comunidades inteiras e alterações na legislação para atender aos interesses dos investidores. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, entregou sua área portuária a um consórcio empresarial, evidenciando a submissão do espaço urbano aos ditames do mercado.
Diante dessas análises, torna-se claro que os megaeventos esportivos não são apenas sobre esportes, mas também sobre negócios. Eles deixam marcas profundas e duradouras nas cidades-sede, reconfigurando não apenas a paisagem urbana, mas também o acesso aos espaços públicos e o perfil socioeconômico da população. Portanto, é fundamental questionarmos as narrativas dominantes sobre os megaeventos e considerarmos suas consequências sociais e políticas. Somente assim poderemos construir cidades mais justas e inclusivas, onde os interesses da população prevaleçam sobre os interesses do mercado.
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FONTE: OLIVEIRA, Luiz Fernandes; COSTA, Ricardo Cesar Rocha. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio de Janeiro: Imperial/Novo Milênio.2016.